A prática de esportes ou quaisquer atividades físicas pode gerar desconforto muscular, muitas vezes significativo, mas como identificar se este desconforto está relacionado à fadiga do músculo ou a uma lesão?
De acordo com o médico ortopedista Daniel Baumfeld, especialista em cirurgia do pé e tornozelo, apesar de não existir uma fórmula mágica para responder a esta pergunta, existem, sim, alguns aspectos que podem nortear a necessidade de uma avaliação. “As lesões musculares, sejam elas rupturas completas ou estiramentos, normalmente superam o limiar de dor “normal” à qual o praticante de esporte está acostumado.
Ela pode se iniciar abruptamente, após um chute, salto, mudança de direção, arremesso ou qualquer movimento que demande potência das fibras musculares”. Segundo o ortopedista, este momento normalmente é percebido como uma fisgada, um estalo ou uma pedrada. “Além disso, a dor local é significativa e pode estar associada às perdas de função, como incapacidade para dobrar o joelho, por exemplo”, completa.
A dor muscular por fadiga, por sua vez, normalmente está associada a um volume de treino alto e à exigência contínua da musculatura durante um período longo de tempo, sem permissão para a recuperação. “É uma dor que é frequentemente insidiosa, sem momento abrupto de início após algum movimento específico. A dor à palpação é moderada e não há perda de movimento/função (mesmo que a força esteja mais fraca pela dor)”, explica o também ortopedista, especialista em cirurgia do pé e tornozelo, Tiago Baumfeld.
Os médicos esclarecem que o tratamento para as lesões musculares é guiado pela avaliação médica, sendo necessários, em alguns casos, exames de imagem para a definição diagnóstica e classificação da lesão. “Essas lesões podem ser curadas com tratamento funcional, na qual o movimento, a carga e o retorno à prática esportiva são precoces, ou até mesmo com tratamento cirúrgico, no caso das lesões mais graves que necessitem de reconstituição da anatomia para restauração da função”, ressalta Tiago Baumfeld.
De fato, para quem gosta de praticar esportes, uma lesão muitas vezes pode ser motivo de desânimo e frustração, mas, para Tiago Baumfeld, além do acompanhamento médico, que é essencial, é preciso manter a esperança e o otimismo. “Sempre aconselho meus pacientes a se basearem nos bons exemplos de perseverança e treinamento mental para o tratamento de uma lesão ou de uma doença Não há dúvida sobre o papel da mente na melhora das doenças do corpo, por mais anatômicas, biológicas e de carne e osso que elas possam ser”, orienta.
Já o tratamento das dores musculares ocasionadas por fadiga, envolve o dia a dia dos praticantes de esportes com medidas de repouso ou recovery -terapia que auxilia na recuperação muscular- como banheiras de gelo, massagem, liberação miofascial, uso de ventosas e dispositivos de compressão pneumática etc. “Apesar de incomodarem, essas dores por fadiga podem ser perfeitamente manejadas com o ajuste da carga no esporte, sem nenhum comprometimento do desempenho”, pontua Daniel.
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